Stay interview é a nova estratégia para empresas reterem talentos

Entrevistas de permanência servem para que as lideranças possam agir antes que profissionais saiam da organização.

A retenção de talentos é uma preocupação para 73% das empresas, conforme dados do Guia Salarial de 2024 da consultoria Robert Half. Os desafios incluem a falta de oportunidades de crescimento, a concorrência, o desequilíbrio entre vida pessoal e profissional e a falta de reconhecimento e de inflexibilidade. Uma maneira recomendada de lidar com essas questões é adotar stay interviews, ou entrevistas de permanência, para agir preventivamente e reter os profissionais.

A Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) recomenda que as empresas se mantenham atentas às tendências do mercado para que seja possível pensar em soluções para atrair e reter profissionais qualificados. Nesse sentido, a oferta de multibenefícios corporativos tem ganhado cada vez mais espaço nas organizações. 

Segundo a pesquisa “Tendências de RH”, da consultoria global de gestão organizacional Korn Ferry, os benefícios corporativos estão entre os fatores que ajudam a reduzir a rotatividade dos colaboradores. O estudo foi feito com 265 empresas com o objetivo de analisar as perspectivas do RH para 2024 e oferecer percepções estratégicas para que as empresas possam ter ações mais assertivas.

Como funcionam as entrevistas de permanência 

Em vez das tradicionais conversas que as empresas fazem quando um colaborador pede demissão, uma stay interview tem o intuito de identificar e solucionar as insatisfações dos funcionários antes que eles saiam da companhia. 

Durante esse tipo de entrevista, o profissional pode apontar fatores que precisam ser melhorados e, a partir daí, a empresa pode adotar políticas que eliminem os problemas.

Segundo a consultoria Robert Half, as conversas para permanência dos profissionais são tendência crescente em diversos países, inclusive no Brasil. A periodicidade varia, podendo ser mensais, trimestrais ou semestrais. 

A definição da frequência depende dos objetivos, das necessidades e da disponibilidade dos líderes. A recomendação é manter uma periodicidade para que as sugestões e reclamações não se acumulem e não ocasionem demissões.

O departamento de Recursos Humanos (RH) é o responsável por ouvir os funcionários individualmente, mas os líderes e os gerentes de cada setor também podem participar da entrevista. A orientação é para que os colaboradores sejam incentivados a expressar, de fato, como se sentem em relação ao ambiente de trabalho, aos colegas e gestores, à empresa e ao próprio desempenho. 

O conteúdo do diálogo deve contribuir para promover soluções práticas, o que não quer dizer que seja preciso atender a todas as demandas feitas, mas que é preciso buscar alternativas viáveis e que possam beneficiar tanto o funcionário, quanto a empresa. 

Estimular os profissionais a falarem sobre os pontos positivos da companhia também é uma orientação para a conversa, já que ambas as partes podem usufruir do feedback para melhorarem o ambiente de trabalho e fortalecerem os laços entre empregados e empregador.

Dicas para manter a comunicação fluida e segura 

Os portais especializados em RH enfatizam que, embora as entrevistas de permanência sejam importantes para reter profissionais, elas não são uma solução mágica por si só. Para criar uma estrutura capaz de atrair e manter talentos, é preciso estabelecer uma comunicação franca e segura entre empresa e colaborador. 

Para colocar a estratégia em prática, os especialistas dão algumas dicas. A primeira delas é priorizar um encontro presencial ou fazer chamadas de vídeo, em caso de modelos remotos de trabalho. Oferecer ao interlocutor tempo e espaço para expressar preocupações sem preconceitos, julgamentos ou interrupções é outra orientação. 

Outra dica, válida para entrevistado e entrevistador, é evitar preparar respostas antes de ouvir completamente o que está sendo dito. Isso facilita a fluidez do diálogo.

A privacidade também deve ser priorizada, já que a stay interview é uma dinâmica individual, para que cada funcionário possa expressar suas avaliações e compartilhar suas percepções de forma franca e aberta. Assim, o representante do RH ou o próprio líder do setor também tem a oportunidade de dar um feedback construtivo e entender melhor as necessidades e preocupações do colaborador.

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Nathani Paiva
Nathani Paiva

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